Conversa vai, conversa vem...
- Chris!
- Oi!
- Posso levar alguns desenhos para ver como ficariam em acrílica?
- Pode! Quais você quer?
Ultimamente as pessoas têm dito que sou artista. Mas como eu definiria a “arte” que faço?
Quando desenho meu corpo físico continua no mesmo lugar, mas minha alma passeia pelo universo onírico, tenho a sensação de estar imersa nas imagens que faço. Provavelmente a neurociência tem alguma explicação para este fenômeno físico. Entretanto acredito que tais experiências criam pontes entre o universo real (físico) e o universo imaginário (onírico), tais pontes expandem nossa consciência e colocam em xeque nossas vidas e o que de fato priorizamos.
Costumo dar voz a minha Alma, materializo seus símbolos em cores e formas. Desta forma, me interiorizo e, parafraseando Joseph Campbell (1990) no livro O Poder do Mito, minha arte, bem como a dos poetas, enquanto estilo de vida, faz com que eu entre em contato com minha bem-aventurança.
Enquanto desenho vivo intensamente o momento, que é único e, na concepção de Carlos Dumont de Andrade (1993): é eterno.
Fecho meus olhos e ouço uma Boa Música, deixo-a entrar... tomar conta do meu corpo. Seus acordes reverberam em minhas células. Meu “todo” se harmoniza em um ritmo musical.
Os instrumentos ecoam as vozes da Plenitude de quem a compôs. Escuto e sinto esta mensagem e nossas Almas se tocam em outra dimensão. De Alma para Alma, em uma Dimensão na qual não há fronteiras linguísticas, étnicas, físicas, espaciais e/ou temporais.
Existe apenas o momento, a eternidade dos acordes. O ser/estar/sentir no mais profundo estado de Plenitude: a Bem-Aventurança.
Com esta escuta construo o mais sagrado dos témenos, neste não há tempo, não há lugar. Há uma Alma que pulsa, que dança, que canta (BRAZIL, 2017,s/p).
No início deste ano meu amigo artista plástico Jefferson Maia* pegou emprestados alguns desenhos, e tempos depois, me chamou para conhecer a Sociedade Brasileira de Belas Artes (SBBA). Curiosa com as novidades, prometidas pelo amigo, fui à SBBA.
Em nossa visita tive a grata surpresa: meu amigo artista Jefferson Maia inscreveu duas produções minhas no "V Salão Arte Contemporânea" na SBBA. Eu fiquei pasma, levei um tempinho para registrar que havia desenhos meus expostos na Coletiva.
Amigo leitor, você acha que acabou por aí? Não!
Meus desenhos foram premiados com a Grande Medalha de Bronze.
Meu amigo, artista premiado, com dez anos de estrada, com chancela internacional dos Pintores com a Boca e Pés, diz que sou artista, que meus desenhos são “show de bola”... Acho que não posso contrariar.
Obrigada Jefferson Maia, por incentivar minha veia artística!
Que venham outros salões!
Boa semana
Notas:
*Jefferson Maia (@jeffersonmaia): artista plástico desde 2009, possui diversas premiações, suas obras têm a chancela da Associação de Pintores com a Boca e Pés (apbp.com.br). Este artista pinta com a boca devido à tetraplegia. Caso queira saber mais sobre ele, dê uma olhada no blog Inclusivas: inclusivas.com .
Referências:
ANDRADE, Carlos Drummond. Fazendeiro do ar. In: ______. José / Novos poemas / Fazendeiro do ar. Rio de Janeiro: Record, 1993. p.33-69.
BRAZIL, Christina Holmes. Témeno da Alma. Site: Inclusão: casos e causos. Publicado em: 21/07/2017, Disponível em:
https://brazilhc2.wixsite.com/inclusaocasosecausos/single-post/2017/05/21/T%C3%A9meno-da-Alma
CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. Tradução de Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.
コメント